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Cruzeiro/Regata - Porto Alegre/Rio Grande - 2007- Bicentenário Tamandaré

Etapa Rio Grande – Porto Alegre:

Saímos de Rio Grande com destino a Porto Alegre para participar da regata em homenagem ao bicentenário do Almirante Tamandaré. Junto comigo, na tripulação do Colibri iam o Lorenzo e o Mauricio (Nonô) Teixeira. Seguindo a nossa esteira vinha o veleiro Sunhine (O’Day 23), do Comandante Paulo Garcia, que na noite anterior resolveu participar do evento. Emprestei dois tripulantes para ele: o Newton e o Juliano, irmãos do Nonô. Eram 20:00 horas quando o Garcia saiu do clube para fazer compras para abastecer o barco.


Saímos as 09:00 horas da manhã com um sudeste fraco. Fomos bem até o Arroio Sujo (Barro Duro) embora navegando com pouca vela, para acompanhar o Sunshine.


Do Arroio Sujo dava proa até perto da Ilha Marechal Deodoro, liguei o bom e velho motor Passat diesel do Colibri e puxei o Sunshine no reboque, pois o barco, mesmo com motor de popa de 15 HP, rendia pouco devido às altas ondas. No través da Ilha o vento rondou para leste e resolvi continuar com motor e vela. E com o Sunshine no reboque.


Nas bóias de fora do canal da Feitoria desligamos o motor e cada barco seguiu sem “tranco” à vela. Como o vento aumentou consideravelmente, rizamos na segunda forra. Navegávamos ora com a buja, ora sem a buja, matando a marcha do barco para não perder eles de vista.


Anoiteceu e o vento continuou na mesma. Tomei altura para a costa do Bujuru para pegar menos vento e menos ondas, pois quanto mais para fora pior seria. Assim, a idéia seria de ganharmos altura para a navegada noturna, pois queríamos tocar sempre para ganhar “terreno” durante a noite. Porém, eles nos chamaram pelo VHF dizendo que gostariam de entrar na Barra Falsa para conhecer, cozinhar e pernoitar.


Eu já tinha reparado que quem vinha timoneando o barco era o Juliano e os outros vinham dentro da cabine dormindo.



O Juliano, com um problema muscular em um braço estava no sacrifício com eles, então pensei, vamos fazer uma parada estratégica para ver aquela situação. Entramos eram 23:30 horas e fomos até o cais do engenho. Resultado, acabou que não fizeram comida nenhuma, jantaram conosco e não prepararam nada, nem para encarar o outro dia de navegada.


No outro dia tivemos que tocar uma pilha na tripulação do Sunshine para apressar a saída da Barra Falsa e seguir em frente, pois ainda tínhamos muita água pela proa.


Saímos da barra falsa com um nordeste meio forte, mas velejávamos bem com pouca vela, porém, o Sunshine já vinha pequenino na popa. Navegamos pertinho da costa, protegidos pela praia, encostados ao banco do Bujurú. Quando saímos de trás do banco, ai sim, começou a fazer mar. Fizemos uma navegação por isobática. Viramos de bordo e rumamos para a costa, entrando no saco do Bujurú, a fim de seguir mais protegidos, bordejando a 100 metros da praia.


Em certo momento, tivemos que ficar capeando para que eles chegassem até nós. Resolvi então ligar o motor e dar um reboque, pois o motor deles parou de funcionar e a genoa de punho alto descosturou, assim como a mestra também. Que situação! Com um arraste daqueles comecei a bordejar de grande com o motor auxiliando.


Seguíamos a bordos curtinhos até o farol do Capão da Marca, dali em diante a costa dá condições de navegar em um bordo só até o Cristóvão Pereira. O vento, já estava bem mais calmo, dando uma trégua para o motor. Apesar de poder andar mais rápido com as velas, tive que continuar com o pé no freio, pois o pessoal do Sunshine não tirava a forra de rizo da mestra e continuavam, também, com a genoa de punho alto, que foi consertada à mão (passamos para eles agulha e linha através de um cabo dependurado no cabo de reboque. Foi dez a manobra!), podendo colocar uma vela maior.


Assim foi o percurso até o Cristóvão Pereira, eles tomando banho de balde no cockpit, cozinhando e nós esperando, quando eu falo em nós, sempre significa minha tripulação, pois sempre pensamos e decidimos juntos.


No Cristóvão Pereira perguntamos se eles queriam seguir ou entrar no abrigo dentro da enseada. Disseram que iam continuar. Era por volta das 17:00 horas aí então nos programamos para chegar às 00:30 horas em Itapuã, pois tinha “aviso aos navegantes” da entrada de “vento forte, muito forte”, previsto pela Junção Rádio e a esta hora estaríamos abrigados na enseada da praia do Sítio.


Resolvemos então que iríamos navegar até o São Simão e, se a navegada não rendesse, abortaríamos Itapuã e rumaríamos para dentro do Saco de Tapes, que fica a aproximadamente 2 milhas dali. Observamos que o barco deles não rendia nada, estava ficando cada vez mais para trás, tal era a intensidade do vento e a altura das ondas.


Resolvemos então arribar para Tapes, matando a velocidade do barco colocando a mestra na segunda forra de rizo e sem nada na proa. Eles vinham rizados e com a genoa de punho alto na proa.


Quando cheguamos no Pontal de Santo Antônio, abrimos um pouquinho para o sul para eles não terem problemas de entrar em cima do banco, mais ou menos uns 200 metros de “lazera” e passamos nosso waypoint. Utilizamos também um farolete de milha, com o qual fazíamos sinal para eles virem tranqüilos e com orientação pelo VHF. Brabo foi ficar capeando, atravessado na onda com o leme aquartelado e com o motor funcionando “à meia-boca”, pois havíamos feito alguns reparos na mufla de refrigeração e, pelo visto, não tinha ficado bom, pois o motor continuava aquecendo demasiadamente, mesmo desengrenado.


Quando já estavam perto entramos para o lado do Birú. Eles chegaram e fundearam do lado ai sim entrou o vento e a chuva forte. Minha ancora garreou, acho que a corrente ficou mal e de madrugada tive que ligar o motor e entrar mais para dentro da enseada, ficando a uns 50 metros da praia.


No domingo amanheceu de nordeste e o leme do barco estava travado. Verificamos que o barco havia “rondado” com o vento, por cima do cabo da âncora, o qual prensou a parte de cima da saia do leme contra o casco. Foi então que o Nonô teve que entrar na água fria para destravar o leme. Como o Lorenzo e o Nonô tinham que retornar para Rio Grande e o Sunshine precisava de manutenção no motor de popa e velas, decidimos então ir para Tapes. Como o vento estava fraco, levamos o Sunshineno reboque. Chegando lá atracamos os barcos no trapiche do Clube Náutico Tapense (CNT) e o Nonô e o Lorenzo retornaram para Rio Grande e o Newton (irmão do Nonô) retornou para São Lourenço, de ônibus.


O Garcia tirou o motor de popa do Sunshine e o acomodou dentro do Colibri , fez uma faxina no barco e aguardou a chegada do carro para levá-lo a Rio Grande. Ficamos em Tapes o Juliano e eu para seguir viagem com o Colibri na segunda-feira até Porto Alegre. Levei o motor do Garcia até porto alegre dentro do meu barco. Todo este problema e em Porto Alegre o motor funcionou no cais na primeira cordada que o Juliano deu, de brincadeira. Que loucura!



Saímos de tapes na segunda-feira de manhã, por volta das 09:00 horas, com chuva e um sudoeste fraco até o Pontal de Santo Antonio, depois pegamos popa e o vento foi se afirmando e começando a puxar, mas em popa tudo bem o único chato foi que choveu todo o dia. Chegamos no Veleiros do Sul, com chuva, as 22:00 horas sendo recepcionados pelo comandante Ricardo Habiaga, do veleiro Atalaia (Delta 36) também de Rio Grande. Uma pena que poderíamos estar em Porto Alegre desde sábado à tarde. A gente aprende na próxima!

Etapa Porto Alegre - Rio Grande:





Vídeos no canal do Youtube do amigo Paulo Angonese.

Para o Cruzeiro-regata a tripulação do Colibri havia mudado, o Lorenzo infelizmente não pôde embarcar, mas recebemos os amigos Luiz Antônio (Duduca), Comandante do veleiro Donga (Microracer 19’), que trouxe com ele o Paulo Angonese, recém proprietário do Kauana (Bruma 22’), ambos do SAVA; o Marcos Rosa, militar do Exército Brasileiro, que representou o 6º Grupo de Artilharia de Campanha – “Grupo Marquês de Tamandaré”, de Rio Grande, que deu apoio no abastecimento do barco com gêneros alimentícios, óleo lubrificante para o motor e o empréstimo de uma bateria de caminhão; o Newton Luis, o Juliano, o “imediato” Nonô (também militar do 6º GAC) e eu. Sete tripulantes para enfrentar a essa jornada. Vamo que vamo!

Largamos a meia-noite, em frente ao Veleiros do Sul, com um tiro de canhão do barco da Marinha do Brasil, numa noite calma e estrelada, acompanhada de uma festa de fogos de artifício, brindando este que é um grande evento, afinal, é “a mais longa regata realizada em água doce do hemisfério Sul” . As luzes da cidade misturadas com as luzes de navegação dos veleiros compunham um visual muito bonito.

Fomos a única embarcação que navegou só a vela até o ponto de espera em Itapuã, a maioria tocou a motor, passaram por nós e se foram ,chegamos as 04:00 horas da manhã e fundeamos na praia da Pedreira.

Ao amanhecer pudemos tomar um chimarrão no cockpit desfrutando de uma paisagem incrível, todos os veleiros da regata estavam fundeados na enseada, trazendo um colorido diferente em contraste com os enormes morros de pedra de Itapuã.

As 09:00 horas da manhã largamos novamente, agora já fora das águas do rio Guaíba, do farolete de fora do canal. O vento estava muito calmo e de popa. Vimos todos levantando suas vela balão e andando bem e nós, apesar de contar-mos com uma vela balão para barco de 26’, fomos ficando para trás. Só depois soubemos que a maioria utilizou o motor. Só ligamos o motor à tardinha, próximos do farol do Cristóvão Pereira, e assim mesmo ele aquecia depois de uma hora de uso. Sofri tanto na ida quanto na volta com o problema de aquecimento do motor.

Quando chegamos na altura do Cristóvão Pereira, ao anoitecer, pegamos uma rede. Aí levamos os pedaços da tralha da rede presa na quilha, no leme e no hélice, pra piorar um pouco a situação o vento rondou para proa, então bordejamos com tudo aquilo de arrasto.

Perto do Bujurú, a exatamente 9 milhas dele, o vento soprava forte de proa. Resolvi ligar o motor e ir para o fundo do saco, a fim de buscar abrigo da costa e fundear para descansar-mos um pouco, afinal navegar assim, à vela, com vento forte de proa, numa noite escura como o breu, com o motor apresentando problemas, arriscando ficar “preso” em uma rede de pesca, não havia necessidade. E o que tinha de redes espalhadas pela Lagoa era algo infernal, nem o canal dos navios escapou. Seguidamente escutávamos pelo VHF os barcos que velejavam pelo canal passando a posição das redes para os que vinham atrás tomarem cuidado.

Chegando a mais ou menos 3 milhas do fundo do saco o motor parou de funcionar. Foi aquele corre-corre a bordo para arriar velas e jogar âncora. Com a força com que o motor vinha trabalhando devido ao pedaço de rede enrolada no hélice, mais o arraste e o vento contra, acabou que consumiu todo o óleo do tanque, dando pane seca. E olha que daria para mais umas 5 horas de navegada em condições normais. Então fomos dormir tranqüilos, pois ali a onda estava baixinha.

Amanheceu e tentamos sangrar o motor. Tudo em vão, secou tudo e com as várias tentativas a bateria estava se “arriando”, já com pouca carga. Içamos as velas e seguimos navegando até a linha de chegada do Cruzeiro-regata, na entrada do Canal da Feitoria.

Após cumprir o objetivo principal que seria completar o Cruzeiro-regata, arribamos para a Ilha Marechal Deodoro, a fim de conseguir ajuda dos pescadores e uma bateria emprestada para poder ligar o motor. Logo em seguida chegou a lancha Lambari, da com o pessoal da Marinha do Brasil, que ajudou a sangrar o motor.



Nesse meio-tempo de “faina”, o Duduca já tinha conseguido negociar umas tainhas com os pescadores, alguns deles inclusive eram conhecidos de seus parentes que pescam na costa de São José do Norte, e o Paulo Angonese aproveitou para registrar o momento tirando diversas fotos com sua câmera digital.

Agora sim, tudo em ordem! Ligamos o motor, içamos as velas e seguimos para Rio Grande. Mesmo aquecendo, pudemos contar com o auxílio do velho Passat diesel ainda mais depois que passamos pelo Barro Duro, quando o vento rondou para sudeste, bem de proa!

Ao cair da noite o Duduca nos brindou com um magnífico “arroz com tainha”, prato daqueles que só faz quem sabe. Não sobrou nem espinhaço pra contar a história, rsrsrsrsrsrs!

Chegamos ao clube eram 22:00 horas, depois de ajudar o Capitão Kroc (Brasília 25’) a encontrar o canal Miguel da Cunha. Tivemos que retornar quase 2 milhas para ajuda-los. Mas foi uma satisfação, sabemos bem o que é você enfrentar uma viagem desgastante e ter que entrar em um lugar desconhecido à noite. Acabamos comboiando eles até o clube.

No dia seguinte à chegada da regata, houve um passeio de apresentação dos barcos participantes em frente aos navios atracados no porto novo, como comemoração junto à Marinha do Brasil. Levamos umas 12 pessoas a bordo para curtir o passeio!






Agradecimentos:

Parabéns para a tripulação do Colibri,vocês merecem! Meus agradecimentos a esta gente que não mediu esforços para que fosse realizado esta navegação:

Ao imediato Mauricio (Nonô) Teixeira, por tudo que fez para tornar esse sonho em realidade, correndo atrás de apoio logístico e financeiro para podermos comprar uma vela mestra nova para o Colibri; ao Lorenzo, Comandante do Guapo (Cal 9.2) e tripulante na ida para Porto Alegre, ao amigo João Carlos Maia, Comandante do Kanaloa (Velamar 31’), ao Volmar Feijó, Comandante do Libertad(Martinique 25’), ao Fernando, Comandante do Felelê (Velamar 26’), ao pessoal do 6º Grupo de Artilharia de Campanha, que cedeu o Nonô e o Marcos e ainda apoiou com a logística da viagem, através do Noecir e do Coronel Augusto César, que foram a nossa tripulação em terra e que transformaram a nossa participação no Cruzeiro-regata em realidade, assim como tantos outros que posso ter esquecido de mencionar, desculpem. Ao Rio Grande Yacht Club com a ajuda preciosa de sempre com todo o apoio do Guto, sempre dando força e incentivo ao velho amigo. Também os agradecimentos ao Duduca e ao Paulo Angonese, pessoas amáveis e incansáveis. Obrigado!




 
 
 

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