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Regata Buceo - La Panela

Em um feriado em Montevidéo, fui convidado a fazer uma regata com o veleiro Maton. Este barco já estivera em Rio Grande e ficou atracado ao lado do Vagabundo, inclusive eram muito parecidos, ambos de 35 pés. Eu conhecia toda a tripulação, pois eramos amigos há bastante tempo. O amigo Marco Jusid gostava do apelido de Tabarly, o navegador francês. Era sempre uma festa com ele à bordo . Seu pai tinha um Gary Mull 23' chamado Anamar (é o nosso Ranger 22' com um pé a mais). O Parrijo era o dono do barco, cunhado do Marco, um pobre de um “lancheiro”. Era uma vitima nas mãos do Marco. Outro barco que era muito parecido com o Vagabundo era o Quanton, com casco também amarelo e uma “bolha” no lugar da cabine tradicional. O Parrijo me disse: “- Vem comigo! Vais ser o “timonero”! Eu pensei: que compromisso. Com todo esse vento, se quebrar alguma coisa eu vou ficar chateado. Parrijo me disse em seguida: “- Brasileiro, tem que dar para matar não te preocupa!” ...Mas tinha vento!

A regata teria o seguinte percurso: largar em frente ao clube, montar a bóia La Panela, em frente ao cerro, e dalí ir a um clube de vela pequeno, localizado dentro do porto de Montevideo, para o lado da refinaria Ancap.


Iate Clube Buceo Montevodeo.


Largamos muito bem, saímos nós e o Quanton na frente, com genoa III e rinzado. O Quanton, maior, logo nos tomou a dianteira. A uns 20 metros ao lado do nosso, outro barco igual, o Retovado, que sempre ganhava do Maton. Mas estava a sotavento e com menos orça que nós. O Parrijo estava nas nuvens, só me dizia: “- Dá-lhe petiço!” (meu apelido por lá). Com todo aquele vento fiquei preocupado com o mastro, pois flambava e rangia. Os caras todos sentados na borda, com um frio terrível, molhados e mas com uma cara de felicidade, não estavam nem aí pro pastel. Perguntei ao comandante se não estava judiando do mastro, ele me disse: “- É um Proctor! Se não agüentar tem seguro, ai mudamos de fabricante”. Aí fiquei despreocupado com o mastro. Quase perto de La Panela a genoa III detonou geral. Puseram ela em baixo e trouxeram outra, novinha, que estava guardada embaixo do beliche. Puseram em cima como se nada tivesse acontecido. Vinte minutos depois, chamada geral, a regata havia sido cancelada porque fecharam o porto e não poderíamos ir para o outro clube. Que pena! Havia festa com churrasco e bebida. Descemos a genoa, viramos em popa e rumamos ao clube. O Marco levou o cunhado para dentro da cabine, acompanhado do resto da tripulação, pois estavam totalmente molhados, e aí foi bebida, cigarros, charutos e musica a todo volume. Fiquei sozinho no leme, o barco surfava só de grande rinzada. Pouco tempo depois sai de dentro da cabine, branco, o pobre do cunhado do Marco. Que maldade com o lancheiro. Era a primeira vez que navegava em um barco a vela. O cara fedia a charuto. Imaginem o que fizeram com ele. Ele só dizia que não dava para acompanhar, que eles eram loucos. De dentro da cabine o Marco gritava: “- Lugar de lancheiro é no cais!” Chegamos no clube e fomos tomar banho. Já era tarde quando ouvimos pelos alto falantes um pedido para quem estivesse no clube auxiliar em um resgate. Eles tinham uma embarcação grande, doação do governo alemão, com lanchas pequenas que saem pela popa. Fomos a estação de rádio e ficamos sabendo o que era. Haviam chamado para o clube, informando que um dos participantes da regata havia quebrado o mastro. viram de um edifício acho que de pocitos e que o barco um pouco depois desapareceu. Era o Comanche, um desenho do holandês Van de Stadt, um belo barco que já havia feito uma regata Buceo - Rio Grande, ele havia quebrado o mastro e e fundeou, mas arrebentou o cabo e saiu em árvore seca, ou seja, ficou a deriva. Eles estavam sem motor, sem baterias, sem o vhf e com um menino de 8 anos, filho do comandante do barco. Quando nos preparávamos para embarcar, ligaram da Ilha de Flores dizendo que o Comanche havia subido nas pedras, mas que estavam todos bem. Na ilha havia uma guarnição policial, pois era um presídio e iriam ajudar no que fosse necessário. Voltei para rio grande, depois fiquei sabendo que eles retiraram a quilha do barco, as ferragens e o motor, depois colocaram tábuas aonde quebrou o barco, isto foi num sábado. Uma embarcação de resgate só conseguiu chegar no local na quarta-feira, quando as condições de mar e vento colaboraram. Trouxeram o Comanche no contra-bordo da outra embarcação. Foi feita uma obra geral no barco e ficou perfeito.

Temos muitas amizades em Buceo, uma lástima que minhas condições financeiras não permitam que possa visitá-los com meu barquinho, a não ser que mude alguma coisa ou um milagre aconteça. Por enquanto tenho que me contentar com a Lagoa Mirim, com a Lagoa dos Patos e as navegadas de fim de semana no Cassino e na barra.


Buceo, Montevideo.

 
 
 

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