O Malacara- Mico de circo- viagem à lagoa Mirin
- Newton Ribeiro
- 6 de dez. de 2020
- 5 min de leitura
Meu amigo Maurício (Nonô) Teixeira dos Santos comprou, em 2005, um veleiro Microtonner 19’ , somos amigos de muitos anos e de diversas navegadas pelas Lagoas dos Patos e Mirim. O nome do barco é Malacara, o qual carinhosamente apelidamos de “micro de circo”, trocadilho para “mico de circo”, porque é um barquinho que simplesmente faz de tudo. É fantástico! Em janeiro de 2006 fomos com ele de Rio Grande-RS a Jaguarão-RS. Que beleza de barco! Topa tudo! Saímos de rio grande eram 16:00 horas da tarde, em frente ao estaleiro do Posto Marine cortamos caminho direto à bóia do Diamante. De lá pegamos rumo direto à barra de Pelotas-RS, sempre com o spynaker em cima. Chegamos no iate clube Saldanha da Gama já eram umas 21:00 horas, mas sempre sendo recebidos com muito gosto pelo pessoal do clube, que são irmãos de coração.
No outro dia, saímos as 07:30 horas, a fim de passar na eclusa de Santa Bárbara no horário das 09:00 horas. Dali seguimos bordejando até o Sangradouro. Outro barco que também estava subindo o São Gonçalo rumo à Mirim era o King's Son, do Comandante Adriel.

Chegamos ao cair da tarde no Sangradouro e o King's Son entrou na Sanga do Mosquito para pernoitar. Nós seguimos adiante, com um vento leste calmeiro entramos na Lagoa Mirim e fomos dormir no canal de irrigação da granja Quatro Irmãos. Saindo de lá no outro dia, fomos navegando pela costa leste da Mirim, até a Ponta do Salso. É um visual muito bonito e tem bastante água.
Ao alcançar a Ponta do Salso, cruzamos a lagoa rumo à Ponta Alegre, onde, passando da ponta do banco, fundeamos na prainha do farol e fomos para terra explorar o local e tentar entrar no farol para tirar umas fotos. A porta da frente está fechada com tijolos, mas a porta dos fundos (que também havia sido fechada com tijolos) havia sido arrombada para fazerem acampamento dentro do farol, acredito que tenham sido pescadores da lagoa ou algum aventureiro em busca de abrigo.

Entramos no farol e iniciamos uma subida pela escada de ferro, em caracol, que já está bastante enferrujada, diga-se de passagem. Fomos subindo e admirando a paisagem em cada vão das janelas, mas quando chegamos perto da cúpula, escutamos um zunido forte, quando percebemos, havia um ninho de camotins. Que susto! Imagina se o enxame de camotins resolve nos atacar. Lentamente fizemos meia-volta e iniciamos uma retirada estratégica, descendo bem devagar para não assustar os bichos.
Esta parada na prainha do farol da Ponta Alegre foi um dos melhores lugares para tomar banho que já tive contato, pois a água estava com uma temperatura quente em qualquer profundidade, não é como aqui em Rio Grande-RS, onde na flor d’água é quente e no fundo é frio. Sem dizer que tem aquelas “manchas” de água fria no meio da quente. Não dava vontade de sair de dentro d’água.
Quando estávamos içando as velas para partir, a mais ou menos 1 milha atrás vinha o Adriel, que fez o mesmo: desceu para visitar o farol e depois tomar um banho ali na prainha.
Aproveitamos o belo vento leste e tocamos até a barra do Jaguarão, passando pela alagada do Juncal. Quando entramos na barra tinha até comitê de recepção. Eram os velejadores de Jaguarão que estavam fundeados na prainha por ocasião do retorno da expedição que fizeram pelo Sul da Lagoa Mirim. Estavam lá os seguintes veleiros e seus Comandantes: o Sarapico, do João Faustino; o Teimoso, do Júnior; o Papareia, do Veras; e o Macanudo, do Roberto Couto. Pernoitamos na barra e no outro dia subimos, com toda a galera, o rio Jaguarão até o iate clube. Lá é uma festa, porque todos são amigos e parceiros.

Eu a tarde retornei para Rio Grande-RS, depois de um belo almoço pago pelo Comandante Nonô na churrascaria do Rafa, regado à cerveja bem gelada, ehehehehe! Ele ficou de férias esperando sua esposa Lílian e suas filhas Bruna e Laura, onde fizeram belos passeios dentro do rio.
Na outra sexta-feira retornei, cheguei à tardinha em Jaguarão, acompanhado por um “pau” de vento e chuva. Era feriadão de carnaval, ficamos na salinha de rádio do ICJ, tamanho era o noroeste e a quantidade de água que caía. Não dava para chegar ao barco, pois iríamos nos molhar e molhar o barco também. Conseguimos subir a bordo lá pelas 22:00 horas da noite quando deu uma amainada na chuva. Pela manhã saímos às compras, sempre acompanhados por pancadas de chuva. O vento havia rondado para sudoeste e à tarde saímos para dormir na barra, mais precisamente no abrigo da árvore seca.
Do iate clube até a árvore seca chovia muito eu fui deitado no beliche enquanto que o Nonô assumia o comando do leme. Eu só olhava para ele e dava risada, navegando só pelo GPS, pois não se enxergava nada pela frente. Comandante é comandante! Tem que assumir seu posto! Hahahahahaha!!! Passamos a noite ali, com relâmpagos e vento.
Amanheceu calmo e nublado, saímos na barra, entramos na Mirim, passamos de novo na alagada entramos no Arroio Juncal. Lá falamos com um pescador que disse que o temporal tinha passado brabo por ali e nos mostrou uma embarcação grande, cheia de redes, que tinha ido ao fundo com o temporal da noite. Que pena! Ficou tudo embaixo d’água, só com a ponta da proa de fora. Conversamos um pouco e saímos de novo. Dali fizemos rumo na Ponta Negra, velejando bem pela costa, contornando toda a enseada, passando em frente dos arroios: Arrombados, Bretanhas e Canhada Grande, até a Ponta Alegre, quando rumamos para o arroio Chasqueiro para pernoitar. Pela manhã fizemos uma exploração na boca do arroio, pois como a água estava muito baixa, aproveitamos para encontrar os pontos mais fundos do canal e registrar os “way-points” no GPS. Saímos do Chasqueiro rumo à Ponta Luiz dos Pobres e daí ao Sangradouro. Paramos em Santa Isabel-RS para comprar mais gelo e mais vinho, que havia terminado. Que engraçado, o tanque de gasolina do motor estava quase pleno, mas o vinho não agüentava muitas milhas, rsrsrsrsrsrsrs! Seguimos bordejando até a eclusa de Santa Bárbara, onde chegamos por volta de 23:30 horas. Passamos no outro dia no horário das 09:00 horas, paramos novamente no Saldanha da Gama para completar o gelo e aproximadamente 16:00 horas estávamos atracando no Rio Grande Yacht Club.
E assim foi a velejada no "micro de circo" pela Lagoa Mirim, depois dessa, em fevereiro de 2007, fizemos uma outra navegada no Malacara, dessa vez foi na Lagoa dos Patos: Rio Grande-Porto Alegre-Rio Grande!
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