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Navegando com o Libertad! Lagoa Mirin

Programamos uma navegada na Mirim com água cheia.


Quando quero saber o nível da Lagoa Mirim e seus rios, ligo para o amigo Roberto Couto, de Jaguarão-RS, comandante do veleiro Macanudo, um Scorpio 26’ de quilha retrátil, aí ele me passa a medida da régua no iate clube de jaguarão e também da Prefectura Naval de La Charqueada, no Uruguai, que tem outra régua no cais. Esta régua não está aferida com a de Jaguarão-RS, mas me dá a medida de água na barra do Cebollati. Até 55 cm na régua eu entro bem no Cebollati, cada uma tem o seu calado mínimo para eu poder passar.


Combinamos de ir o Libertad (Martinique 25’) com o Comandante Volmar Feijó e eu, e o Guapo(Cal 9,2), com o Comandante Lorenzo e seu imediato Maia (Comandante do veleiro Kanaloa). O Guaposaiu numa quarta-feira de Pelotas-RS e começaram a subir o São Gonçalo e nós saímos na quinta a tarde de Rio Grande-RS, dormimos em Pelotas-RS e iniciamos a subir o São Gonçalo na sexta-feira para nos juntar a eles no Sangradouro.


Chegamos ao Sangradouro por volta das 18:00 horas, e fomos convidados a jantar pizzas feitas pelo Lorenzo (“castilhano”), que é um expert na cozinha. No sábado saímos do Sangradouro rumo à barra do Jaguarão, o vento até o meio dia era calmo e tocamos motor e vela. À tarde entrou uma brisa legal e entramos na barra às 17:00 horas. Estavam fundeados na prainha da barra os amigos de Jaguarão. Eles vinham do extremo sul da Lagoa Mirim, mais precisamente do arroio San Miguel. Este encontro está registrado numa foto que saiu publicada numa reportagem em uma das edições da revista Náutica.


No domingo fomos para o clube e daí voltamos para Rio Grande –RS de ônibus. É ótimo poder deixar o barco em Jaguarão-RS, pois o pessoal é fantástico! Na verdade o barco passa a ter vários donos, que cuidam dele como ninguém, pois cada um que chega no clube vai examinar se está tudo certo.


Na semana seguinte chegamos de carro no clube, por volta das 17:00 horas. Abastecemos os barcos e fomos dormir na barra, fundeados ao largo da prainha.


Sábado de manhã cedo saímos rumo a Ponta do Muniz, junto da costa, pois quando vínhamos para Jaguarão-RS passamos por cima da alagada do Juncal com 2,80 metros na parte mais rasa, pertinho de terra. No Muniz é a mesma coisa, passamos bem pela costa a uns 100 metros da boca da lagoa do Muniz e a menor profundidade não baixou de 2,5 metros. Daí rumamos direto para a Ponta Canoa, que é um dos melhores e mais bonitos abrigos da Lagoa Mirim, pelo menos no meu ponto de vista, podendo-se chegar a noite, de qualquer maneira e com qualquer vento. É fantástico!


Depois de despontar o banco do Muniz dando uma “abridinha” da costa para ter maior profundidade (a boreste fica o balneário Lago Merim), pegamos um ventinho de proa mas só durou uma meia hora e retornou para leste de novo. A chuva que tinha vindo com o vento também se foi.


Ao cair da tarde estávamos no abrigo da Ponta Canoa, ele é um corredor de terra na forma de um gancho e dá abrigo de todos os ventos. Pode-se ancorar a 20 metros da praia sem problema. Passamos uma noite ótima ali.


No domingo saímos, passamos pela Ponta dos Afogados e rumamos para o Cebollati, pois a água estava tão cheia que o mangrulho da barra estava embaixo d’água. Chegamos à tardinha no “pueblito Henrique Martinez”, como se chama La Charqueada.


Chegamos no cais e a água estava a uns 30 centímetros para alcançar o nível do primeiro andar. À noite fomos jantar no paradouro da minha amiga Mabel, que como sempre, preparou nossa janta com carinho. Lá se come muito bem, não é como alguns falam (sem saber do que estão falando). É como aquele bêbado que tomou todas, mas o que fez mal foi azeitona que tinha no pastel. Esses são os verdadeiros “sem noção”. Há muitos e muitos anos vou a La Charqueada e faço minhas refeições no restaurante da Mabel.


Ao voltar para o barco, por volta da meia-noite, o primeiro andar do cais já estava debaixo d’água e tivemos que passar para o segundo andar, tal a violência das águas, pois havia chovido muito na cabeceira do rio Olimar e Cebollati. Aí tem crescentes de 6 metros, fácil, fácil.


Na segunda-feira veio meu tio Neno, hoje falecido, que morava lá e me emprestou o carro dele, um Chevette ano 1974, aqueles apelidados de “tubarão”. Trouxe junto um saco de carvão de uns 30 Kg para fazermos churrasco. O tio Neno tinha um motor Yamaha de 8 HP moderno, à querosene, com partida a frio a gasolina, todo original. Muito legal o motor! Fizemos um belo churrasco (assado, como chamam no Uruguai) na Prefectura Naval, onde sempre somos muito bem recebidos, inclusive deixam os banheiros liberados para nós. Tomamos conta da Prefectura Naval, ô gente boa esta!


À tarde tivemos que sair do cais e atracar ao lado da balsa que faz a travessia ela estava com problemas no motor e estava parada.


A água estava a 10 centímetros do segundo andar do cais e na balsa não tinha problemas, pois subiria com a maré. Ficamos na revessa dela, pois os troncos que vem com a correnteza são perigosos. Ao amanhecer da terça-feira o cais estava todo embaixo d’água. O Maia e o Lorenzo estavam assustados com a crescente e queriam voltar para Jaguarão-RS, eu disse que não tinha problema nenhum e eles poderiam voltar, que nós iríamos continuar a navegada. Aí pensaram e resolveram seguir viagem conosco.


Saímos rumo a Santa Vitória-RS, na barra fizemos um levantamento da profundidade no canal, com vários way points da beira dos bancos, de um lado e do outro.


Saímos na barra com um leste calmeiro, sol e de spynaker em cima. Um belo visual! Por volta das 17:00 horas estávamos em Santa Vitória-RS. Entramos no arroinho ao lado do cais e fomos atracar num cais pequeno, de compradores de peixe, atracados saímos a dar um passeio pelo antigo entreposto, onde atracavam os antigos veleiros e chatas. Um lugar pitoresco. Uma lástima que esteja abandonado, sem manutenção nenhuma. Esse é outro abrigo na lagoa, muito bom com água cheia.


A vila de pescadores é perto, mais ou menos 1 Km. Ali tem várias mercearias para se comprar gêneros alimentícios, água, gás, gelo, etc...


Na quarta-feira pela manhã fomos na vila para repor o rancho e, por volta das 10:30 horas saímos para o arroio San Luiz, que fica exatamente no lado oposto de Santa Vitória-RS, a aproximadamente 7 milhas dali. Entrando no San Luiz, fomos até a laguna Blanca e fundeamos na entrada. O comandante Lorenzo fez um bacalhau magnífico, estava muito bom, ainda mais regado a um vinho uruguaio gostoso. Depois do almoço saímos no rumo do arroio San Miguel. Essa é a parte mais estreita da Lagoa Mirim. Começou um chuvisco com vento, mas tudo bem. É muito abrigada esta parte da lagoa.


Teve um lugar em que entramos errados, íamos bem devagarzinho quando batemos numa taipa. Eu estava sentado na escotilha e fui parar embaixo da mesa central com o GPS na mão. Por sorte não aconteceu nada, foi só dar ré e o barco saiu normalmente, sem ter que acelerar o motor. Incrível, o Lorenzo vinha atrás e foi só desengrenar. Tivemos que retornar uns 100 metros e pegar outro braço do arroio para seguir viagem. Por volta das 17:00 horas chegamos na ponte por onde passa a estrada que leva do Chui-Uruguai ao cerro onde está o Forte de San Miguel . É muito bonito! Como tinha muito vento e o lugar para atracar ficava a uns 200 metros da ponte, dormimos ali pensando no outro dia ir até o forte para explorar a região, mas o Maia e o Lorenzo estavam com saudades de suas casas e queriam voltar. Foi como quando se solta as rédeas dos cavalos e saem galopando no rumo das casas.


Saímos do arroio e fomos direto para a Ponta dos Afogados. O vento era de través, depois rondou para a proa.


Chegando nos Afogados, no través da ilhota que existe no inicio do banco, perguntei se queriam dormir na alagada, pois ali eu estava acostumado a dormir tranqüilo com o Colibri. Então me disseram que tinham um waipoint que haviam dado para eles e gostariam de ir, eu perguntei se dava abrigo e disseram que sim. Fiquei quieto. Vamos lá então! Contornamos a ponta do banco e rumamos para o tal abrigo. Quando chegou no través do Arroio dos Afogados perguntei se gostariam de entrar ali ou seguir, pois a distância era a mesma (mais ou menos 2 milhas), mas seguiram convictos de seguir ao tal waypoint. Já estava anoitecendo quando chegamos no tal abrigo, só que não tinha nada lá, era um abrigo de sul, entrei com o Libertad até perto do limite de calado. Achei que, de repente, teria um arroio do qual eu teria passado várias vezes e não tivera visto, mas na realidade não tinha nada. Andei até em cima do campo e perguntei se queriam ir para o arroio dos Afogados, que estava a 2 milhas dali, então disseram que não precisava, que queriam ficar ali mesmo. Então fui por isobática, costeando no rumo do banco e fundeamos uns 30 metros da praia, com uns 3 metros de água embaixo da quilha. Lá pela meia-noite começou a apertar o vento e cresceram as ondas. O Maia e o Volmar dormiram tranqüilos, mas eu e o Lorenzo passamos a noite de baile. Ficamos de vigia no cockpit, para o caso de rebentar ou garrear alguma das ancoras poder ligar o motor e sair para fora, pois a popa estava para terra. O vento diminuiu lá pelas 07:00 horas. Saímos navegando com um bordo para dentro do saco e foi bordo e bordo até a Ponta Canoa. Perguntei se queriam seguir ou fazer uma parada técnica para comer e descansar. Fomos para o abrigo da Ponta Canoa com o vento ainda de nordeste. Fizemos o almoço e demos uma boa faxina nos barcos. À noite deu vento e chuva, mas lá é fantástico.


Falei para eles que no outro dia, sábado, eu gostaria de entrar no rio Taquari e passear no balneário Lago Merim, disseram que tudo bem. Amanheceu chuviscando e com calmaria, aí mudaram de idéia e disseram que gostariam de ficar na barra do rio Jaguarão. Tudo bem! Tocamos direto até a Ponta do Muniz, passando pela alagada.


Chegamos à barra do Jaguarão eram 13:00 horas, ai mudaram de idéia novamente, resolveram seguir direto para o Iate Clube de Jaguarão. Lá fui eu de novo nas águas deles!! O Lorenzo convidou para irmos jantar uma parrillada em Rio Branco/UY. Topamos! Mas quando chegamos no clube já estava chuviscando e o Volmar decidiu retornar para Rio Grande. Mais uma vez eu andava nas águas deles. Foi uma péssima decisão, prova é que a alguns quilômetros de Jaguarão atropelamos um capincho (capivara), o qual destruiu o pára-choque, o pára-lama e farol do carro. É difícil quando cada um quer puxar para um lado e tu te sentires um marionete na mão dos loucos, não se consegue conciliar tudo ao mesmo tempo. São uns cabeçudos! Não é fácil de se lidar com o ser humano, mas em detrimento da navegação a gente se conforma e procura amenizar as coisas. Chegamos em casa as 23:00 horas da noite. Retornei no outro fim-de-semana com o Lorenzo para trazer o Guapo até Rio Grande, e depois com o Libertad, fazendo o mesmo trajeto.


A melhor navegada na Lagoa Mirim é no inverno, pois tem bastante água e mesmo com a temperatura mais baixa o tempo é mais firme, e quando entra alguma frente fria, ela vai se armando aos poucos, diferente do verão, onde o tempo “fecha” de repente e os temporais são, por vezes, imprevisíveis.



 
 
 

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