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Meu aniversário de 50 anos à bordo.


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Eram 07:00 horas quando soltamos as amarras do cais do RGYC rumo a Porto Alegre. Numa sexta-feira, dia 07 de julho de 2006 com destino a Lajeado-RS, o Cláudio Tozzi (primo do Volmar), o Comandante Volmar e eu.


Havia uma cerração tão fechada que não se enxergava nada além da proa. Saímos guiados pelo GPS, com todo cuidado. Sabíamos que a lancha de São José do Norte estaria vindo em sentido contrário, pois eram 07:30 horas e já estaria perto da hidroviária de Rio Grande. Dito e feito! Cruzamos com ela no Porto Velho. Só vimos o vulto, bem pertinho. Atravessamos o canal Miguel da Cunha e seguimos com um ventinho de nordeste, bem fraco, até a barra de Pelotas, com o tempo totalmente fechado. Quando tem um vento mais forte a cerração levanta, mas com aquela brisa, a cerração continuava baixa.


Na altura do Barro Duro a cerração abriu por uma meia hora e fechou de novo. Passamos por duas chatas fundeadas perto da coroa dos patos. Estavam na beira do canal. Só se enxergava o escuro do casco, de perto. Na saída do Canal da Feitoria estava bonito de se ver, pois quando a cerração abriu havia nove embarcações, entre chatas e navios que fazem a navegação na Lagoa dos Patos, todos levantando âncora e rumando para seus destinos, uns para Rio Grande, outros para Porto Alegre. Parecia um comboio!


O vento continuava de nordeste e calmeiro. Começamos a dar bordos e a puxar para a costa do Estreito. Que bela velejada! Ao entardecer, defendendo as redes e os pesqueiros, apareceu uma lua daquelas, despontamos o Bujuru e daí rumo ao Dona Maria. Passamos pelo farol do Cristóvão Pereira a noite. Amanhecemos no São Simão, com vento de proa calmeiro chegamos em Itapuã, já com tempo nublado. Fizemos a Ilha do Junco e seguimos a canal. Chegamos no Iate Clube Guaíba (ICG) as 17:00 horas. Fomos dar a entrada do barco e depois de tomar um belo banho ficamos a admirar o clube, todo iluminado, estava muito bonito.


O pessoal da portaria nos informou sobre uma festa que haveria no clube, mas que não teria problema algum em participarmos. Lá pelas 23:30 horas começaram a repassar o som. O Libertadestava atracado de popa para a sede onde seria a festa. Olha só! Aquele som de “bate-estaca” chegava a chacoalhar os órgãos internos! Chamamos pelo a portaria do clube pelo VHF, agradecemos e fomos para o Veleiros do Sul (VDS), onde disseram que estavam ligando para o ICG ameaçando chamar a polícia, os bombeiros, a defesa civil e o que fosse necessário para parar a bagunça. Tava braba a coisa!


Defendo a idéia de que este tipo de “festa” não combina com clubes de vela, pois tem muita gente que curte o clube na sexta-feira à noite dormindo a bordo para sair cedo no sábado. Dessa forma, acaba a tranqüilidade dos velejadores, mas, são outros tempos...


No outro dia, domingão, 09 de julho, dia dos meus 50 aninhos!!! Rolou até um bolinho a bordo para comemorar a data. E pensar que já são “meio-século” de vida!


Saímos do clube lá pelas 11:00 horas, depois de um bom chimarrão com os amigos e conseguir uma carta dos rios Jacuí e Taquari na secretaria esportiva do clube. Beleza! O tratamento neste clube é fora-de-série!


Partimos rumo a São Jerônimo. Que belo rio!


Chegamos as 07:30 horas em São Jerônimo. O pessoal foi muito legal, colocaram o clube à disposição.


A segunda-feira amanheceu com bastante cerração. Esperamos ela levantar para conhecer São Jerônimo e Triunfo, que está à frente, na margem oposta do rio.



Seguimos o rio Taquari daí em diante, passando por General Câmara, Morretes, Mariante e Taquari, chegando na eclusa de Bom Retiro ao anoitecer, já fora do horário. Falamos com os operadores através do VHF e nos identificamos como sendo de Rio Grande e que não sabíamos dos horários de abertura da eclusa. Então disseram que iriam abrir para passarmos. Ficamos “capeando” na correnteza, aguardando abrirem as comportas, que são como dois portões, altíssimos! Entramos e nos pediram para seguir bem à frente. Amarramos nos flutuantes, que nada mais são do que bóias imensas dentro do concreto, com um rasgo vertical por onde correm os “cabeços” das amarras. Isso significa que, conforme a água enche dentro da comporta, o barco sobe junto, amarrado nos cabeços, sem necessidade de se ficar mexendo nos cabos de amarração. Muito legal!


O barco subiu uns 13 metros, aí abriram a outra comporta que, essa sim, é do sistema de escoamento da água, passando para um calado de uns cinco metros. Aí saímos devagarzinho, preocupados com o mastro, mas passou sem problemas. Lá de cima da casa de comando eles tem uma visão perfeita da altura do mastro, que maravilha! O ecobatímetro deu um pulo, com água para calado de navio grande.


Passado a barragem, tínhamos o waypoint do portinho de uns amigos do Volmar, localizado em uma chácara, distante 6 milhas dali.


Chegamos lá por volta de 21:00 horas e estavam nos esperando. Como estava escuro, eles faziam sinal com uma lanterna no local exato para podermos encostar no cais e não pegar o mastro contra as árvores. Fomos muito bem recebido por seus amigos.


Aproveitamos para conhecer Estrela e Lajeado, que ficam mais umas 6 milhas dali. Uma fica em frente da outra, separadas pelo rio, passamos comendo churrasco e descansando.


Na quarta-feira soltamos as amarras novamente, agora estavam a bordo somente o Volmar e eu, pois o Cláudio tinha que trabalhar e voltou de ônibus para Rio Grande.


Tinha bastante vento, mas o rio é muito abrigado. Às 09:00 horas começamos o retorno para Porto Alegre. Passamos a eclusa e viemos dormir no clube de São Jerônimo, onde fizemos amizade com um senhor que tem uma lancha de ferro de uns 15 metros de comprimento, com um motor Mercedes de 6 cilindros, que foi piloto de motonautica, sendo, inclusive, campeão gaúcho no tempo do Laslo Corbetta, outro lancheiro, amigo dele que estava por lá e que é seu vizinho de box.


Na quinta-feira amanheceu um belo dia. Seguimos em frente, entramos no Arroio dos Ratos até onde está a ponte, depois retornamos para o rio Jacuí e daí seguimos até o Veleiros do Sul, parada estratégica para reabastecimento de água, gelo, comida e lógico, um bom banho.


A sexta-feira amanheceu chuviscando, mas com vento calmo, de proa. Saímos do VDS por volta das 09:00 horas e na altura da Ilha Chico Manoel a chuva aumentou.


Na saída de Itapuã o vento estava mais forte e nós seguíamos com vela e calçados no motor. Com mar o ângulo de deriva é bem maior. Perto do Rio Negro engrossou ainda mais o caldo. Aí tocamos só de vela grande, bem caçadinha! Chegamos ao Cristóvão Pereira era 01:00 hora da manhã, com chuva e vento. Aterramos e dormimos, cansados.


De manhã saímos do Cristóvão Pereira para a Barra Falsa, pois o Volmar não conhecia o lugar. Entramos na Barra Falsa por volta das 16:00 horas e fomos para o cais descansar.


No domingo saímos da Barra Falsa rumo a Rio Grande, onde chegamos ao anoitecer. Tudo isso sem quebrar um parafuso sequer durante todo o percurso, que foi de 530 milhas náuticas. Um belíssimo presente nos meus cinqüenta anos! Valeu Comandante Volmar!

 
 
 

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